"Sempre desenhei ou escrevi (insira aqui outros) e nunca mostrei a ninguém". Tenho certeza que em pelo menos alguma fase da sua vida (ou hoje ainda) você se identificou com a frase acima. A notícia boa (ou não tanto)? Você não está sozinho. Vivemos em uma cultura em que se valoriza muito o racional em detrimento do emocional, passional. Você já esteve naquele bom e velho jantar de natal onde seu primo, que tem a mesma idade que você e depende tanto financeiramente dos pais quanto você nesse momento, é ovacionado por passar no vestibular de medicina e você se recolhe cabisbaixo sem contar sobre a sua matrícula naquele curso fantástico de música.
Por que -ainda- valorizamos mais as profissões banais que as outras? Por que ainda acreditamos que elas trazem mais dinheiro e sucesso? Você já se pegou fazendo isso em algum momento também que eu sei.
A verdade é que hoje em dia isso não é mais uma verdade absoluta. Tenho pelo menos 7 amigos engenheiros civis desempregados e pelo menos 7 de áreas artísticas que estão bem de vida. Isso é um fato.
Então eu te pergunto: Você acredita mesmo que precisa desenhar escondido nas horas vagas entre uma aula de direito e outra, ou usa isso como autossabotagem porque tem medo de expor algo tão íntimo que você cria e de repente o mundo ser cruel em resposta?
Quer uma boa notícia? Uma parcela dele será cruel de qualquer maneira. Esteja você de terno e gravata no calor do centro da cidade ou vestindo o que lhe convém enquanto exibe seu trabalho, aquele feito por você e pra você com o maior prazer do mundo. Não pareceu uma notícia tão boa assim, não é? Eu te explico porquê na verdade é sim: Se você toma consciência da crueldade do mundo, você deixa de ter medo dela. No dia que você percebe que não adianta usar toda sua força pra esconder o que você é de verdade, pois em algum momento você não vai se encaixar de um jeito ou de outro, você resolve ser você. Porque é mais fácil (e gratificante) receber a crueldade do mundo quando você mostra e faz aquilo que realmente te representa (e é legal consigo mesmo), do que quando você está gastando toda usa energia tentando ser legal pra um mundo que vai ser escroto de qualquer maneira.
E no momento em que você vira a chave e não apenas descobre isso, mas entende todo o sentido contido nessa verdade, no momento em que o "click" iluminado desperta dentro de você, algo mágico acontece. Quando você desperta e se abre para o mundo, ele sorri de volta. Sério. Claro que você ainda vai ter que lidar com meia dúzia de pessoas que ainda não entenderam nada e saem por aí cortando a onda alheia, mas acredite, elas nunca serão maioria.
Eu não estou falando que você deveria correr pra faculdade ou emprego fixo amanhã e largar tudo pra viver de arte por aí, por mais que a gente tenha uma visão bem romantizada desse momento por filmes, ele exige maior planejamento pois queremos fazer o que amamos mas ainda receberemos os boletos no início do mês. A minha intenção aqui hoje é apenas te alertar de que por mais desconstruidão que você seja, talvez você ainda tenha conceitos pré-fixos (que provavelmente você herdou de alguém) que estão desatualizados -alou 2019-
Minha sugestão hoje é: pega aquele caderninho, aquele vídeo cantando ou dançando escondidos à sete chaves e compartilha. Aproveita que a tecnologia nos permite a "exposição não-exposição", afinal você vai submeter seu trabalho à crítica alheia na privacidade do seu quarto. Joga quem você é pro mundo e deixe seus medos de lado, a vida é muito curta pra ser levada tão a sério -ta aí uma frase que deveria ser escrita em todo canto-
Então estamos combinados? Tira essa máscara que não te serve mais, joga uma água gelada nesse rosto que já cansou de ficar escondido e ilumina o mundo com o que você tem por dentro que mais te alegra. Sem medo, sem amarras.
Se o mundo sorrir pra você, vem me contar?